O motivo do homem não ter uma consciência superior, ou
a própria consciência de si, é a maneira errada de comportamento e educação, e
por não ter necessidade de usar essa Consciência em sua vida comum. Isto quer
dizer que ele usa o mínimo para sua vida normal. A pessoa cresce, estuda,
procria, etc. sempre usando o estado de C. de sono desperto, ou C. de sono, ou
raramente, em certos momentos, a consciência de si.
A primeira e a mais fácil de notar é o uso excessivo
de energia em tudo o que se faz, para mudar uma simples cadeira de lugar, se
contrai antes de pegá-la, durante o transporte e depois continua contraindo
toda a sua musculatura durante o seu dia a dia. Fica com os ombros, rosto,
nádegas, braços, pernas, tudo em constante estado de contração. Em vez de usar
esta energia para o desenvolvimento de sua atenção, joga-a fora sem
necessidade. O homem se contrai, para olhar, para deitar, andar, etc. Energia
que deveria armazenar para seu desenvolvimento interior.
A Segunda forma de jogar tudo fora é com as conversas
interiores, para entender isto vamos verificar algumas das formas de
"pensamentos" que temos dentro da cabeça, durante o dia e a noite,
durante o sono. Sabemos que podemos ter imaginações, fantasias e pensamentos,
que dividem em dois tipos um concreto que tem forma, como por exemplo, ao
lembrarmos de alguém vemos seu rosto em nossa cabeça, ou alguma peça, como
pintura, árvore, etc. O outro pensamento é o abstrato, que se apresenta como
som, em vozes, músicas, ruídos, etc. Para qualquer ação exterior, raramente
temos necessidade de conversarmos interiormente. Podemos dizer que o nosso
Centro intelectual está dividido em três partes: uma de forma, uma de sons e
uma de ação ( intelectual, motor e emocional ). E nessas ações temos uma
maneira de usá-las como fantasia, quando tudo o que vem dela tanto de dentro quanto de fora, como sons de
palavras, não é real. A imaginação é o que pensamos e que pode vir a ser real
ou que é real. Matemática, álgebra, desenhos, etc. Podemos chamar isto de
raciocínio, não há necessidade de dar certo a ação, para ser um pensamento ou
raciocínio.Só perdemos energia em fantasias. Para as outras formas de pensamentos,
apenas usamos a energia que está acumulada.
A terceira e mais forte forma de perder energia, é o
rancor e o ódio, que além de serem uma perda enorme de energia, ainda por cima
gastam energia de partes do nosso corpo que nós precisamos para nossa saúde,
provocando com isso doenças diversas.
A raiva vem através da emoção que chamamos de negativa
e usa todos os centros, menos os superiores, em suas manifestações,
desequilibrando o funcionamento da máquina como um todo. Ela só se manifesta
quando estamos sem atenção em nós mesmos, e se inicia, então, a identificação
com os acontecimentos externos, sejam eles quais forem. Aqui temos que ter uma
atenção especial, pois aquilo que conhecemos como sendo "razão", é o
que mais nos faz identificar. Temos sempre que lembrar que o mérito da razão
não tem nenhum significado em
nosso Trabalho , que tem como objetivo apenas a observação de
si. A raiva chega disfarçada e aos poucos se manifesta com toda a sua força num
determinado momento. Já o ódio, é um sentimento latente que se manifesta a
longo prazo. Basta a pessoa lembrar para ele se manifestar, e no momento em que
ele puder se manifestar, os sintomas podem ser quase imperceptíveis
exteriormente, é um sentimento forte, contínuo e que sempre deixa na cabeça uma
satisfação do erro que se comete, enquanto que na raiva pode-se notar um
arrependimento depois do ato. A explosão de raiva tira uma grande parte de
nossa energia de imediato. O ódio tira continuamente toda a possibilidade da
pessoa acordar em nosso
Trabalho de evolução interior.
O que fazer? Como? Quando?
O primeiro passo para armazenar energia é relaxar os
músculos do corpo, não deixá-los tensos. Pois, neste momento alguma atenção já
temos em nós mesmos no centro instintivo, que é a sensação.
O segundo passo, que deve ser simultâneo, é colocar o
máximo de atenção no externo, ver o que está se passando fora do nosso corpo.
O
terceiro passo é não deixar as emoções se manifestarem negativamente; no timbre
de voz, nos nossos movimentos e ao falar nunca tentar ofender ninguém e adotar
uma atitude intelectual dentro da lógica do momento, ou silenciar e aguardar um
melhor momento para expor nossas idéias.
Isto é o início de uma observação de si ( Observação
de Si ), pois a partir daí é que podemos ter a consciência de si (Consciência
de Si ). Sem este início, nada se pode fazer para acordar do estado de sono em
que nos encontramos.
Acúmulo de energia. Por que?
As sensações do corpo; sentimento, percepção,
compreensão, enfim, tudo aquilo que precisamos. Para ter consciência, é
necessário antes ter energia suficiente para aquilo que almejamos, uma evolução
do ser como um todo, dentro do contexto orgânico.
Depois
do relaxamento muscular intencional, observação nas conversas interiores,
atenção no que se passa exteriormente através dos sentidos do centro
instintivo, já que possuímos uma base para continuar.
Se imaginamos falsamente que nossa compreensão atual é
certa, não temos chance de aumentá-la, pois, ninguém procura o que acha que já
tem. E a compreensão sempre é no momento, dentro do nosso nível de ser, mas
todos os homens acham que a sua compreensão é a certa e que a dos outros está
errada. Não estou com isto querendo dizer que a compreensão de um determinado
momento deva ser esquecida, ela deve ser guardada não como um fim, mas como
algo que possuímos e que pode ser aumentado. Como uma moeda dentro de um
cofrezinho, podemos colocar mais moedas, sem desvalorizar a primeira, mas
também sem contar com ela para futura compreensão.
Se nos basearmos unicamente naquilo que já possuímos,
fechamos a porta para um novo entendimento, nos limitamos. Ao nos depararmos
com um novo tipo de fato interior ou exterior, devemos apenas guardá-lo, sem
julgamento ou análise, e sempre desconfiar da primeira, segunda ou as respostas
que nos chegam através do conhecimento que já possuímos. Então, entra um novo
fator, a paciência de esperar sem julgar, aí entra o Tempo, que pode e trás
novos fatos daquilo que percebemos. Uma decisão pode ser certa ou errada num
determinado momento, em outro ela pode ser contrária. Por que? Porque num determinado momento ,
podemos decidir e entender com um centro e uma determinada influência e depois
pode ser outro centro e outros tipos de influência.
Nós não sabemos o porque dos acontecimentos internos e
externos, mesmo que tenhamos o máximo de atenção. Pois existem fatores que os
determinam, que estão fora da nossa compreensão, até do nosso tempo. Vou citar
um exemplo da minha vida: Procuro a todo momento ficar em Observação de Si,
isto é, com Consciência de Si estando sentado em minha escrivaninha, sempre
atento, olho as flechas de índio que tenho e gosto, olho as minhas espadas
japonesas e também gosto, intimamente gosto da cultura e da história árabe e
respeito e tenho profunda curiosidade a respeito da raça negra da África. Por
que? Será que as minhas observações darão a resposta sobre estes fatos
inerentes em minha vida? Será que nos momentos de mais alta observação e
consciência que consigo ter, vou ter as respostas para estes fatos? Pode ter
certeza que não terei respostas para isto. Tive respostas para isto tudo, mas
não foi baseado unicamente nos fatos dentro de meu nível de ser , foi fora e
com uma energia e ajuda superior a minha. Eis o motivo que luto para armazenar
ao máximo as minhas energias que a Observação de Si me proporciona. O preço
desse esforço, não é tanto pelas respostas que nos vem, é necessário se desligar
de nossas mecanicidades, como: "Eu sei, eu sou, eu posso, eu tenho",
tudo isto deve ser deixado de lado e partirmos para uma nova fase de combate
contra estas fraquezas, que nos roubam a chance de "Eu quero mudar, não estou bem como sou,
não possuo o que tenho direito como homem, de possuir. Vou lutar para
conseguir." (2000)
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