Nós sentimos os movimentos como alguém que esteja nadando dentro de um rio. De acordo como se mover, poderá ser útil, ou se manterá na superfície. A pessoa pode também querer nadar por baixo da superfície, e ir nalguma direção. As duas maneiras de nadar são controláveis e objetivas. Porém, existe outra maneira de ficar dentro d’água, que é se debater e se afogar, gastando energia inutilmente, e não conseguindo nenhum objetivo devido não colocarmos atenção em nossos movimentos, salvo em caso de praticar alguns esportes como Karate, Judo, Ginástica Olímpica...
O homem vive pelos movimentos, mas não sabe
utilizá-los. Gasta energia inutilmente durante seu dia, sem nada conseguir de
concreto para sua consciência. Quando fazemos qualquer movimento, estamos
lidando com energia não somente muscular, mas outros tipos de energia que
existem dentro e fora de nós. Se repetirmos constantemente um movimento,
passamos a fazê-lo com uma parte de nosso ser ou centro. Se fizermos
automaticamente, sem necessidade de atenção, podemos utilizar outros centros e
outras energias que nos circulam. Se por um acaso estivermos distraídos, sem
objetivos, tudo se perde. Tanto o movimento como a energia que o geram.
Os movimentos de Gurdjieff têm como objetivo uma forma
de concentração de energia no corpo para usá-lo como consciência e força. No
exato momento que nos esforçamos para executar os movimentos, os centros
trabalhando em conjunto proporcionam os meios de se elevar o nível comum de
sono desperto para consciência de si e além disso. E com o acúmulo desses
movimentos, ou melhor, com sua repetição constante. com uma atenção dirigida,
se alcança estados incomuns de consciência e sensações novas para o corpo. Esta
influência nos centros por meio de movimentos, é como se uma bateria
descarregada se recarregasse para funcionar com sua carga normal.
Ao se fazer um dos exercícios de movimentos de
Gurdjieff, o grupo se posiciona acima dos movimentos comuns (mecânicos). As
forças que existem em cada indivíduo passam a se transformar em consciência de
si, através da atenção que é exigida das pessoas. Ao observarmos nossos
movimentos, podemos notar que um determinado tipo de sentimento traz consigo o
mesmo tipo de movimento e postura de nosso corpo: numa preocupação, colocamos a
mão no queixo; numa dúvida ou problema a ser pensado, olhamos para cima; se
sentimos que estamos errados, olhamos para baixo... e com estes movimento vem as
contrações musculares correspondentes nos ombros, nádegas, abdômen, mandíbula,
e outras partes do corpo. Toda essa energia foi jogada fora, sem nenhuma
utilidade prática.
Se observarmos tanto em nós como nos outros, veremos
que a maioria das posturas são acidentais e sem objetivo. Por isso devemos a
todo o momento, ter nossa atenção nestes movimentos.
(2000)
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