segunda-feira, 28 de novembro de 2016

PENSAMENTOS

Existem vários pensamentos e para a nossa compreensão devemos definir alguns nomes para não confundi-los. Devemos lembrar primeiramente que o pensamento concreto são as formas que temos dentro de nossa cabeça e o abstrato são os sons que nos chegam em nosso interior. Ambos são considerados como matéria, portanto possuem volume, peso e existência própria podendo ser moldados como um simples desenho, temos que iniciar um processo interior que se manifesta na lei do 3. Primeiro temos que ter vontade que vem das emoções; segundo, imaginação que vem do intelecto. Essas duas forças para se concretizarem, ou melhor, para se materializarem, tem a necessidade de uma terceira força que são os movimentos da parte motora do corpo (músculos). Quando apenas duas dessas forças atuam não há um fato concreto, então a vontade passa a ser desejo e a imaginação, fantasia, que são matérias das regiões inferiores e para nós mais grosseiras que gastam energia do nosso corpo sem produzir nada de útil para nossa evolução. Como saber qual o nível que vem estes pensamentos? É simples. Todo pensamento que destrói, desune ou faz alguém sofrer vem das regiões inferiores do pensamento concreto ou abstrato. Mesmo que estas formas de pensamento não se exteriorizem destrói internamente a pessoa que o tem, pois em vez de se transformar em consciência de si fica como sonho e até cria internamente seres que materialmente se transformam em doença do corpo físico, como também descontrole emocional, stress, melancolia, mágoa e o pior de todos: ódio, que nada mais é do que a manifestação material do pior de todos os males espirituais.
Durante um dia inteiro dentro de nossa cabeça nos chegam vários pensamentos em forma de vozes, cantorias, músicas, lembranças e etc. A soma disso tudo é o nosso nível de ser e o nosso grau.
Aquilo que temos dentro de nós e sentimos é o que somos e o que queremos. Mesmo que os atos externos digam o contrário, pois nossos atos externos podem não corresponder ao que sentimos e falamos. Existe também o contrário disso, uma pessoa pode achar que gosta e tem um determinado sentimento, mas o que conta é o que ela faz externamente, não num determinado momento mas durante todo o seu dia. Nos momentos de distrações é que podemos ver nas outras pessoas o que elas sentem e acham da sua própria vida.
O centro de gravidade dos centros de uma pessoa é o que ela faz, sente e pensa. Tudo no estado de vigília já é diferente se começarmos a nos observar. Tudo isto perde a importância e o CG da pessoa é a vontade de acordar ao fazer um esforço nos momento de crise que necessite de uma observação imparcial de si mesmo.
Quando nos deparamos com a possibilidade de uma identificação dificilmente saberemos no momento exato em que ela acontece e todos aqueles momentos são apenas percebidos sem a possibilidade de se poder modificar tanto oa acontecimentos como as disponibilidades de sentimento e compreensão. Podemos até chamar de momentos de trevas pois nada se pode fazer além de observar e esperar com calma, sem tomar nenhuma resoluÇão. Após algum tempo estes momentos passam para um observador dos T G, para as pessoas que não se observam, aqueles momentos voltam a medida que o assunto ou situação se repetir. Por esse motivo devemos saber que nossas opiniões e atitudes mesmo aquelas dos exercícios com relaxamento, posturas, atenção, também estão dentro desses momentos, como os acontecimentos exteriores não são desfavoráveis, isto é, podem ser bons, achamos que estamos acordados a todo o momento, isto é um engano. Quando estivermos fazendo um exercício de G e nossa atenção for boa, tanto em nosso corpo, como exteriormente, digo que este é o momento de exercícios, que com o tempo somará todos os nossos esforços. Como saber qual o nível de uma pessoa? Como saber qual é o nosso nível? Se a qualquer momento poderemos estar a um nível mais baixo como saber em que situação estamos? Primeiro não devemos aceitar qualquer opinião pessoal, pois é de apenas um momento de nosso dia, de apenas um Eu ou grupo de Eus que não representam nossa totalidade de " notas" (?) de nosso dia a dia.
As decisões e o que fazemos é o que importa. Nós somos o que fazemos e não o que pensamos que somos. O fazer é algo fragmentado, um homem pode ser um excelente bailarino, carpinteiro, pintor, etc, não significa que ele possui um nível de ser melhor do que o outro que é apenas um artesão ou gari. O nível de ser de um homem é a soma do que ele é durante um longo tempo e quanto maior o tempo que conhecemos uma pessoa melhor podemos ver e saber qual é o seu nível, e para isso deve haver entre as pessoas do grupo vários momentos diferentes e ocasiões inesperadas, como viagens, situações adversas e até festas, etc. Naqueles momentos podemos ver o nível de atenção de cada um, um por um e sem dúvida se estivermos atentos poderemos até ver o que cada um mais valoriza em sua própria vida. Um homem quando decide algo deve antes passar por esta decisão várias vezes em sua vida, por vários Eus e mesmo assim pode errar e tomar uma decisão de um Eu sonolento, que não é do trabalho.
Ao depararmo-nos com o momento que deveremos ser humildes, simples e equilibrados dentro do que sentimos e pensamos sem opinião pessoal, mas no equilíbrio da atenção como se os acontecimentos fossem de alguém ou pessoa que desconhecemos.
O que um dia seremos é uma fé daquilo que está no futuro, não no presente. O presente é apenas o esforço dos nossos exercícios.


sábado, 19 de novembro de 2016

...

"Nosso desenvolvimento assemelha-se ao de uma borboleta.
Devemos “morrer” e “renascer”,
como o ovo morre e se torna lagarta,
a lagarta morre e se torna crisálida,
a crisálida morre para que,
por seu turno, nasça a borboleta.

"É um processo longo e a borboleta só vive um dia ou dois.
Mas cumpre-se o desígnio cósmico.
Com o homem passa-se o mesmo.
Precisamos destruir nossos amortecedores.
As crianças não os têm
por isso é que devemos nos tornar como as criancinhas ."


(Prieuré, 2 de junho de 1922)

( “Gurdjieff Fala a seus Alunos”, Ed. Pensamento,  p.46. )



sábado, 12 de novembro de 2016

EU SOU


EU- Esta palavra vem sempre acompanhada de Eu sou, Eu quero ou Eu posso. As pessoas esquecem de si e também do esforço que o trabalho de G exige e na fantasia de sua cabeça começam a falar: eu não gosto disso, não quero isto ou isto desse jeito, sou assim, não consigo mudar, quero ser outra pessoa, sentir outras coisas, entender diferente, etc. Isto não tem fundamento, pois dentro de nós existe uma legião de Eus que se misturam, se associam e quando estamos distraídos, fantasiamos em nossa cabeça que somos aquilo daquele momento, esquecendo que é apenas um momento. Tudo vai passar, pois um Eu não permanece para sempre dentro de um ser, ele muda e vêm outros com a nossa compreensão da situação em que vivemos.
No T.G. não devemos aceitar o que somos em determinado momento, sem contudo esquecer que devemos estar atentos para aquele momento. Não fantasiar que somos aquele tipo de sentimento ou aquilo que, dentro de nossas limitações de compreensão, achamos que somos. Este tipo de acontecimento dentro de nosso ser nos engana, pois uma pessoa comum acha que aquilo é ela e que não há como mudar.
Nos momentos bons, onde estamos felizes sorridentes e as coisas estão como achamos que devem ser é o pior momento de se observar, pois não achamos necessidade de fazê-lo, Mas, quando a situação muda e tudo fica a conta gosto, ruim, as pessoas são más, etc. é mais fácil de observar-se. Tanto os Eus felizes quanto os contrariados são susceptíveis de erros e mudanças até radicais, pois não possuem força para se manterem sempre na mesma disposição. Se isto fosse possível, qualquer pessoa poderia falar: daqui para frente não ficarei mais descontrolado e nem com raiva. Sabemos que isto é impossível na situação comum e mesmo aquele que faz um esforço de auto observação, também encontra dificuldade.
Quando estivermos observando toda a nossa situação interior: relaxamento, contrações musculares do rosto, ombros e acima de tudo os "pensamentos" de nossa cabeça, temos a possibilidade de apenas estar presentes naquela situação, sem querer mudar nada, apenas não expressando através da voz, movimentos etc. o que estava sentindo negativamente, podendo a partir daí ver em que situação estamos, nada mais além disso.
Como passar do tempo, talvez até anos, aqueles Eus se esquecem e são esquecidos, não as atitudes deles, mas o tipo de sentimento que proporcionam, seja gostoso ou ruim.
Como lembramos de nosso passado, achamos que somos sempre os mesmos e que também nossos gostos e quereres são iguais ao do ano ou mês passado. Isto ilude as pessoas que estão dormindo, pois se olham para o espelho, fotografias, etc. e não vêem mudanças físicas, esquecem que a psicológica é muito grande.
Quando percebemos que a pessoa está identificada, isto quer dizer que aquele nosso Eu está presente, contando algo de si mesmo, por isso é interessante fazê-lo falar e justificar ou querer dizer que é algo do passado, mas que na realidade está presente. Qualquer assunto em que puxarmos algo que pensamos, que passou, ele volta com toda a força até o ponto de se descontrolar totalmente e não poder fingir mais. Para que isto não aconteça, deve haver dentro da pessoa uma luta onde ela procurará se separar do que está contando como se estivesse falando de alguém totalmente desconhecido e que não está presente para interferir. Se a pessoa disser que não está pronta para falar ou fazer algo, significa que o Eu que está narrando é muito mais forte naquele momento do que os outros do T.G. Uma reunião não deve ser um lugar para se esconder, fazendo poses e caras de relaxamento. Deve ser descontraída e o mais importante é observar a si e também todos os presentes. Aquele que estiver se mexendo, alheio aos acontecimentos da reunião, distraído do que está sendo falado, como também o mais presente. Os nossos olhos devem ser soltos e suaves, sem contudo fixar em alguém ou em algum lugar. A raiva faz o olhar ficar fixo no chão ou em alguma coisa, podendo ser até a própria mão ou um simples coçar ou limpeza das unhas.
Estar presente é ver tudo que for possível, assim como tentar ouvir os sons em geral. Neste momento, observar-se e ver se não é algum Eu identificado com a presente reunião ou se estamos por trás, vendo-o (o EU) também, junto com os das pessoas. Mesmo falando, permanecer nesta situação de atenção em tudo e em todos.
Numa situação dessas, de presença, podemos dizer: Eu sou, isto que sinto, Eu quero ficar controlado e Eu posso, pois estou conseguindo o meu intento neste momento. Fora da reunião é um pouco diferente, mas segue o mesmo princípio de auto-observação.

13/07/2009

domingo, 6 de novembro de 2016

RETRUCAR É DORMIR

Num grupo com todos dispostos a acordar existem momentos que um ou outro está dormindo, isto é, distraído. O despertador são os exercícios que devem ser feitos nos momentos oportunos  que pode não coincidir com os exercícios da semana ou obrigações, devemos estar muito atentos para não julgar com o CE qualquer ato dos companheiros, digamos que um durma num determinado momento ou diante de uma determinada situação constante, devemos nos observar e não deixar de forma alguma que qualquer ato de nossos companheiros crie animosidade por mais errado que o companheiro esteja devemos procurar perguntar porque fomos atingidos por um ato externo e trabalhar nele procurando com as nossas atitudes alertar quem está mais dormindo. Qualquer sentimento passa a ser errado quando é uma emoção negativa, mesmo que para a vida comum estamos corretos.
O Grupo como um único corpo não existe parte inútil, todos devem ter como objetivo não dormir para poder ajudar quem naquele determinado momento esteja distraído. Alguns são bons em movimento; outros são bons na parte teórica; outros com a disponibilidade pessoal, portanto devemos procurar em nós partes que nos enfraquecem com ao atos dos outros companheiros, pois é nesse ponto que devemos trabalhar. Qualquer fraqueza de uma pessoa do grupo é motivo do grupo todo fazer exercício para não ter aquele tipo de distração. Quanto menos formos atingidos melhor podemos trabalhar e assim trazer uma mudança para todos.
Existe a passividade e a indiferença, devemos saber bem a diferença dessas duas coisas, a passividade é não reagirmos diante do que vem externamente e a indiferença é não darmos valor ao Trabalho e deixar tudo acontecer sem nos importarmos com nada. Quando alguém do grupo persiste em determinadas mecanicidades devemos mudar a tática de observação para não criar cisão entre os membros, se observarmos erm nós algo que continue com as mecanicidades e erros dos outros, devemos lembrar que pelo mesmo tempo a pessoa também está dormindo, se uma pessoa está completamente distraída e essa distração nos traz incômodo toda vez que ela aparece, significa que existe algum ponto dentro de nós atingido e fraco que pode crescer se não observarmos. Isto não significa que devemos ser indiferentes com os acontecimentos, as atitudes de cada um do grupo para a melhoria de cada um dos participantes não deve ter limite, mas o cuidado deve ser em não ter emoções negativas. A pessoa pode falar, agir, comentar de qualquer forma, contanto que não afete a amizade e a união do grupo, pois no momento em que isso for introduzido deve ser combatido com todas as forças possíveis por todos do grupo, assim como todos do grupo devem observar e agir para não deixar nenhum do grupo cair no sono profundo que nada mais é do que “sou assim mesmo”, “ninguém tem que ver nada com isso”. O objetivo é criar uma força com cada um pois a energia de um grupo pode ser maculada se um dos que pertence a essa força se ausentar dos esforços de evolução. Quem está errado deve aceitar a correção de quem está vendo esse erro, principalmente se for mais de duas pessoas, pois  essa regra é aplicável em todos os níveis de evolução, é um grande erro pensar que está certo, quando mais de dois falam o contrário, mas três também podem errar num grupo de 12, então deve haver uma reunião onde o tema da fraqueza deve ser estudado, debatido abertamente e ao terminar a reunião ter o consenso do que deve ser o certo e a pessoa que antes estava errada deve falar a viva voz (pra todos) que fará todos os esforços possíveis para não cair naquele tipo de mecanicidade e pedir para todos observarem quando esse tipo de manifestação funesta aparecer, pois num grupo o erro de um é de todos.
A pessoa pertencendo a um grupo não deve ter individualidade mecânica. A individualidade consciente é não dormir junto com os outros. Quando um grupo aliena alguém por achar impossível a sua mudança, significa que a pessoa não pertence ao grupo, então a pessoa por si atrai forças que a tiram do grupo sem que ninguém precise falar nada, se alguém não está disposto a dar sua vida pelo grupo, não pertence ao grupo. Existem forças muito acima da humana, tanto do bem quanto do mal que fazem um grupo de fortalecer cada vez mais se tornando insuportável para quem não quer evoluir. Quanto mais forte for um grupo, mais difícil é de se ficar nele pois as forças que regem a imortalidade vem de uma distância e de uma vibração tão intensas que evoluir é sofrer como também se extasiar diante da imensidão de tudo que existe e a tristeza de ver quão pequena é nossa capacidade de compreensão e de consciência.

O homem não nasceu para ser carne, muito menos viver de fantasias que parecem realidade, aquilo que nós sentimos como liberdade é a possibilidade da verdadeira união,  pois quanto mais forte e mais consciência  tiver uma pessoa,  menos dúvida tem da sua própria fraqueza.