sábado, 26 de abril de 2014

PRECONCEITOS


Nossa vida é calcada de preconceitos que nos chegam de muitas maneiras. Alguns podemos perceber e não sentir, outros sentimos e não sabemos porque o possuímos.
Toda a vida comum tem normas e condutas sociais para se ter um equilíbrio de convivência. Cada pessoa tem sua maneira particular de aceitar esse fato e quando se forma um grupo social (religioso ou não) procuram ter normas, regras, etc. para terem um comando ou direção do que se almeja. Inicialmente é assim. De acordo com a lei da descontinuidade, o que hoje inicia em direção ao norte, acaba se desviando para o sul, sem que a maioria possa perceber esse desvio.
Vamos dizer que um grupo tenha um líder que queira a evolução espiritual e vai nesta direção. Após sua morte outros assumem o comando e assim sucessivamente. Com o passar dos tempos (anos) o que começou em direção da evolução espiritual se torna um grupo de moralistas, somente pensando no dia a dia da vida normal material como: serviço para ganhar a vida, comida, sexo, e a manutenção da família como um “bom homem", nada além disso. Falam em Amor e nem gostam de si mesmos, falam de luz e não buscam consciência.
Para tudo isso existir não há necessidade de se formarem grupos pois qualquer homem direito dentro de uma sociedade não necessita de religião para ter esta conduta. Esses grupos normalmente se acham melhores do que aqueles que não o seguem e assim prosseguem em direção a uma “boa vida em família” até a hora da morte e somente nesse momento percebem que nada fizeram para si mesmos, ficam apavorados diante do fato que sempre esteve presente, mas nunca viram. Este fato é o esforço que se pode fazer não para ser um “bom homem”, mas para enxergar através de um esforço de trabalho sobre si mesmo e não de conduta moral.
Como fazer para não cair no mesmo erro? Acima de tudo ter uma sinceridade interior e uma direção no objetivo de se conhecer sem julgamentos ou preconceitos, sem procurar eliminar ou esconder de si próprio suas distrações e erros, isto é: não aparentar o que não é. Para isso deve haver um grupo que não adule nem mulher, nem filhos, nem amigos. Pois quando escondemos o erro de alguém, é porque também temos um igual ou então quando apontamos um erro de alguém é porque queremos esconder o nosso.
Fala-se em “examinar” antes de tomar uma atitude. Isto é falso pois acima de tudo temos que ver nossa incapacidade de se examinar algo que não se conhece e a vida é muito superior ao homem comum para ser examinada. Podemos imaginar um grupo de “mestres” reunidos. Aí chega uma pessoa que dá uma faca para ser examinada, cada um que pega a faca vai dar uma opinião sobre para que ela serve ou do que ela é feita, todos podem estar falando a “verdade” da faca e a soma do conhecimento de todos eles podem nem chegar a 1/10 do que a faca é. Neste momento chega um especialista em faca e ao vê-la fica maravilhado, pois é uma faca antiga de muito valor. Como aqueles que examinaram não sabiam de nada, não valorizaram a sua utilidade. Por este exemplo podemos perceber que existe algo mais e o procedimento para notar isto é aumentar sua própria capacidade de observação e conhecimento com os exercícios sobre si, agindo imparcialmente diante de qualquer fato. Cada observação vamos guardando como experiência dentro de nós.
É como um mosaico de pedra que vai sendo formando gradativamente em uma forma compreensível de um desenho que já existe. Com uma pedra ou duas jamais saberemos qual desenho será formado. Cada momento de esforço é como uma pedra e se dá o aumento gradativo de consciência que vamos adquirindo.
A luz, por menor que seja, não escolhe o que iluminar, clareia tudo pouco ou muito, mas clareia. A luz existe para todos, mas nem sempre queremos abrir os olhos para ver, principalmente as nossas incapacidades interiores. O ver muitas vezes causa dor, porque aquilo que fantasiamos sobre nós mesmos, vemos que não é real e que não somos nada daquilo que pensávamos ser, não aceitando acordar e ver. O dormir é muito melhor pois o sonho nos satisfaz em nossas mecanicidades e se alguém procurar nos acordar, não gostamos. Somente devemos tentar acordar alguém quando a pessoa quer e procura acordar mais que tudo na vida, mais que ter família, amigos, prazer, etc.
Como disse o mestre :
“Para me seguir terás que deixar que os mortos enterrem seus mortos”

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