Nos Trabalhos de Gurdjieff quase não usamos este termo
“Acordar”, pois o nosso objetivo é exatamente alcançar este objetivo e se por
um acaso, acharemos que estamos acordado, é um engano, pois esta condição tem
níveis diferenciados em cada situação de nossa vida. É fácil para uma pessoa
que esteja a um bom tempo fazendo um trabalho de grupo entender o que digo, mas
para uma pessoa que nunca fez exercícios
de Gurdjieff ou que fez por pouco tempo se engane e ache que está acordado ou
com seu nível de consciência acima do estado de vigília.
Muitas pessoa que chegam ao grupo me dizem que já
conhecem estes exercícios de sensação do corpo e que em muitas situações já
fizeram e sentiram o que praticamos. O interessante é que no momento que estão
falando comigo, não estão fazendo nada para estar presente e mesmo numa
situação de movimentos ou Mokuso elas encontram grandes dificuldades em fazer
os exercícios, mas mesmo assim acham que estão fazendo e dizem que entenderam o
que está se passando em apenas algumas reuniões. O interessante é que estas
mesmas pessoas após alguns meses ou anos começam a perceber durante os
exercícios que raramente estão presentes e a sua atenção é limitada, restrita a
pequenos afazeres, e que diante de si existem várias situações em que ela não
enxerga e nem faz absolutamente nada que deveria fazer em relação a atenção que
ela deveria ter em muitas ocasiões. Mesmo estando sentindo o corpo e querendo
estar com o máximo de atenção, existe uma limitação da própria pessoa, pois seu
corpo de CS ainda está em
formação. Isto acontece quando o grupo está reunido e todos
tem esta finalidade: acordar e permanecer nesta condição de atenção. A todo
momento vemos que o esforço dentro do grupo é difícil de se manter em um nível
desejado. Agora pergunto : E quando estamos longe um do outro, junto de pessoas
que dormem e acham que estão acordadas e que acham que sabem o que fazer, como
fica a situação de alguem que está no trabalho? É fácil de se perceber que
acontece da pessoa procurar estar presente, mesmo que parcialmente. Mas cada
esforço de que fazemos é uma soma para o acúmulo da consciência que dia a dia
pode aumentar, até se tornar uma Consciência de Si.
Dentre os vários
Eus que temos dentro de nós cada
eu representa uma força e a soma deles é que produz o que somos na vida. Uma
pessoa que está no trabalho de Gurdjieff e se considera firme, que nada o
abalará, que seu objetivo é ser imortal etc. mas desconhece que existem a
força dos Eus que não estão no
trabalho e que somente a própria pessoa tem capacidade de ver e saber de sua
existência, mas quando vêem um pouco fogem e procuram justificar seus gostos e
até sua compreensão limitada. Alguém está no Trabalho de Gurdjieff porque ainda
não apareceu algum tipo de tentação que o tire do trabalho. Pode ser algum
emprego cuja remuneração é boa, mas o impedirá de participar de participar das
reuniões. Como também algum curso da área que a pessoa dê mais valor do que sua
própria evolução. O seu C.G. não é do trabalho sobre si os Eus que estavam
adormecidos, podem acordar de repente e ficar até furioso se alguém discordar.
Com essas pessoas devemos não tentar mostrar a ilusão em que estão metidas, mas
nos afastarmos das idéias dela e observar de longe, sem tentar mudá-las.
Elas não são do trabalho, estavam no Trabalho de
Gurdjieff. Quando alguém dentro de si mesmo pode se considerar do trabalho, é
pelo simples motivo em que ela descartaria tudo em sua vida para a sua
evolução. Seu centro magnético existe e o restante em sua vida que em seu
redor, começando com a família, serviços etc, o FDS não lhe atinge.
Uma pessoa pode passar alguns anos sem que apareça uma
oportunidade tentadora, mas quando aparece ela ela não tem dúvidas, a sua vida
é aquilo, então quando ela pede uma
opinião a alguém, já está decidida a prosseguir em seu real objetivo que acaba
sendo outras três forças negativas que tira a maioria das pessoas do Trabalho
de Gurdjieff. Então o acordar passa a 2º plano e seu sono vira acolhedor e
gostoso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário