segunda-feira, 12 de março de 2018

IDENTIFICAÇÃO


As pessoas que estão no Trabalho de Gurdjieff se colocam a disposição de reuniões, movimentos e trabalhos cansativos fisicamente, isso levou-os a conhecerem-se entre si, até um certo nível de disposição e situação de atitudes externas, isto deve ser acompanhado junto com a disposição interior. A pessoa do Trabalho não deve apenas ficar presente externamente, deve a todo momento ficar se observando e fazendo os exercícios que conhecem, pois existe uma limitação em cada um de nós, podendo ser de qualquer centro e isto podemos  chamar de desequilíbrio interior e normalmente é muito difícil da própria pessoa perceber. Uma determinada pessoa pode até ter idéia de identificação, mas isto é uma força, às muito maior do que a própria pessoa possa perceber em si mesmo. Pelo simples motivo de que esta força existe mas não é colocado à prova, se num determinado grupo se colocasse à prova o nível de identificação de cada pessoa, possivelmente o grupo se desmancharia. Nos trabalhos de Gurdjieff não existe provar alguém, pois num trabalho interior não existe competitividade, todos os esforços são pessoais, para se auto-conhecerem e gradativamente cada elemento do grupo vai evoluindo internamente, através de seu próprio esforço e se livrando das identificações.
Woman in the mirror, Paul Delvaux, 1936.
Existem inicialmente 3 tipos de identificações e a partir desses 3 tem centenas de outros mais fracos. Nós nos identificamos com objetos, que nos pertencem e também de outras pessoas, com pessoas e animais se iniciando com os familiares e amigos próximos e acima de tudo com nós mesmos que é o pior de todos, pois é o mais difícil de perceber. Uma determinada pessoa tem uma série de costumes que adquiriu durante a sua vida, desde a maneira de vestir , falar, comer, e os gostos pessoais  por livros, filmes, tipos de pessoas,  etc. Se perguntarmos a uma pessoa por que e ela gosta ou faz uma coisa ou outra ela se justificará e se defenderá, até julgará as outras que tenham gosto diferente, isto nada mais é do que uma forma de identificação que deve ser observada e até trabalhada em cada um de nós, pois pode por um motivo ou outro se transformar em impedimento para um trabalho sobre si e sabemos que isto é uma porta onde uma pessoa não consegue ultrapassar, é o limite de cada um. Se perguntarmos para um grupo se deixariam o Trabalho de Gurdjieff todos afirmariam que jamais, em hipótese alguma parariam de vir ao grupo, mas no decorrer do tempo, por algum motivo de identificação pode se tornar um impedimento para um esforço de grupo.
Qualquer pessoa quer se esforçar para se tornar imortal , sair do corpo, ter consciência superior, etc...mas quando os verdadeiros impedimentos se apresentam tudo é esquecido e os motivos das identificações se tornam muito mais forte do que a própria força que uma pessoa conseguiu acumular durante meses e até anos de freqüência num grupo.Ao perguntamos a uma pessoa o que é mais importante em sua vida, ela imediatamente falará que é o grupo de Gurdjieff e até mostrará que está pronta para sacrificar qualquer coisa de sua vida como serviço, família , dinheiro, etc. Naquele momento, o que a pessoa falou é real e ela poderá até matar alguém ou abandonar o que mais gosta. É um erro pensarmos que isto é a totalidade da pessoa, , é apenas um eu daquele momento; e os outros? Onde estão? Qual é a força que os outros tem? Somente saberemos se a situação da vida da pessoa a colocar diante desses impedimentos.
Uma pessoa que está se obs alguns momentos outros não mas ela se julga capaz de se observar a todo momento, é uma falsa idéia. Nós não temos essa capacidade mas nós podemos nos determinar a não seguir em hipótese alguma qualquer idéia que nos tire de uma observação imparcial de nós mesmos então  quando a força externa se apresentar forçando a nossa identificação nós podemos dar um stop em toda a nossa vida até aquele momento e na observação não deixar se manifestar  absolutamente nenhuma voz interior, nenhum sentimento, nenhuma atitude, nenhuma resposta, chama-se neutralizar-se. Esta é a forma mais alta que um homem que se diz guerreiro pode ter. Aceitar a sua própria incapacidade de fazer algo naquele momento e continuar todos seus afazeres como se todos os acontecimentos exteriores incluindo seu próprio corpo não fizesse parte do que está acontecendo e como um autômato, direcionar seu corpo nas mecanicidades da vida apenas observando, incluindo os Trabalhos de Gurdjieff. Nesta situação uma pessoa pode chegar a uma compreensão de nível superior a da sua própria capacidade pois ela abandonou tudo aquilo que podemos chamar de identificação e nesta situação existe uma força muito superior que acompanhará a pessoa trazendo uma compreensão que poderia demorar anos para tê-la.

Nenhum comentário:

Postar um comentário