sábado, 1 de junho de 2013

Possibilidades Humanas Na Terra

                                                 

De tudo aquilo que li, pratiquei, vi e senti até hoje, fiquei sabendo de muitas das possibilidades que temos de subir, isto é, de sair da situação em que estamos e prosseguir durante  a vida e ter um certo destino. Qual destino? Antes vou dizer o primeiro destino, aquele normal a todos os que vem fazendo um esforço comum de trabalhar para viver bem ou acumular dinheiro, poder político, esportivo, ou mesmo para prolongar a vida no corpo físico.
Desde que nascemos somos educados para aprender a viver no meio ambiente, crescer, casar, ter filhos e esperar a morte dentro ou fora das religiões, e neste caso viver a esperança de uma vida após morte ou mesmo indiferente a ela. É como se as pessoas vivessem enganando a si mesmas e aos outros, dizendo possuir o que realmente não tem; a esperança ou a fé. Na maior parte das religiões conhecidas, a morte é uma catástrofe e a tristeza abate aquele que fica, e o que vai partir; o temor e o medo de ir embora para o além. Enfim, ninguém quer morrer ou não quer que os amigos e parentes morram, atrás há um consenso interior de que a morte é um fim, uma despedida irreparável. Neste ponto todos são iguais, raríssimas pessoas estão fora deste fator. Das pessoas que conheço e conheci a morte é uma tristeza seja qual for a religião; católicos, judeus, protestantes, budistas, muçulmanos etc.. É como se o destino do homem terminasse com seu corpo físico (ossos, carne, sangue, etc. ). "És pó e ao pó retornarás", enfim todos aceitam este fato,  como sendo o destino comum da humanidade, morrer com o corpo físico Ao mesmo tempo todos tem esperança da continuidade após a morte, pelo menos a maioria não aceita a morte como o fim, acredita que algo continua, então, vive nesta esperança, sem na realidade nada fazer para descobrir ou mudar a situação deste destino. Fogem para as religiões para manter a esperança viva de uma salvação espiritual da alma, etc. então, seguem algumas regras alimentares, morais, ritualísticas e etc. até a morte chegar, e enquanto isto, vai vivendo, trabalhando, se divertindo para se alegrar e esquecer ou fugir de algo que existe na vida e aí, uma hora vai ter que enfrentar este algo, mas  enquanto isso, vai se escondendo no sexo, na bebida alcoólica , divertimentos.
Fora isto, existem outras coisas que o homem queira mudar  acima de tudo, como seu destino e tem esta possibilidade. A pessoa tem que primeiro, não estar satisfeito e aceitar que existem outras possibilidades e então ir atrás, procurar e o pior, aceitar que existem muitas coisas acima da sua compreensão. Aqui é um ponto crucial : que é compreensão. Normalmente as pessoas confundem que a compreensão é tomar conhecimento de alguma coisa, de qualquer maneira, lendo, vendo, vivendo, etc.. Vamos dizer que sabemos que 1+1 é 2, mas não compreendemos porque é dois e não três. A nossa cabeça, a parte intelectual dela tem um limite de compreensão. Por exemplo: mesmo que alguém fale, escreva ou mostre, continuamos a ter uma limitação de compreensão que nos limita dentro de tudo aquilo que sabemos ou que imaginamos saber. Na maneira comum de viver as pessoas vão destruindo todas as possibilidades que o ser humano tem no corpo físico. Tanto destroem sua saúde comendo o seu  e deixando o corpo parado, como as possibilidades latentes de vida fora da "matéria", conhecida como corpo físico. A compreensão está ligada ao nível de consciência, somente  através de um aumento de nível de consciência temos a possibilidade de evoluir e alcançar o verdadeiro destino humano que são os seguintes que conheço:
  • Criar uma alma que viva fora do corpo físico com consciência de onde está e o que está fazendo, com a memória de quem é. Este corpo tem acesso aos mundos mais sutis fora desse físico, mas mesmo tendo este acesso o nível de consciência é o mesmo que de tem aqui no plano físico, portanto, o esforço aqui é essencial, não conheço outra maneira de aumentar de consciência fora do plano físico, por isso estamos presos aqui. Temos a possibilidade dessa vida fora do corpo físico e lá temos outras tarefas e necessidades, tanto de locomoção, que é limitada, como de sensação e emoção que é diferente mas que tem o mesmo nível daqui, isto é, aquele que a pessoa tem aqui. De acordo com certos ensinamentos pode-se:

  • Criar mais dois corpos além desse
  • Criar uma outra forma física consciente, isto é mais um corpo físico
  • Permanecer com a energia que se acumula através do corpo físico parando seu envelhecimento e deterioração por algumas centenas de anos ou muito mais.
  • Além dessas três formas de se aproveitar a energia da vida, li sobre muitas outras, mas hoje dentro das limitações da minha compreensão  não tenho idéia como poderia ser possível, através de um esforço conseguir alem dessas.

O problema é: como conseguir energia suficiente para se ter o poder de armazenar tal energia? Como conseguir criar algo de real dentro de si mesmo? Não estou falando de um procedimento de atitudes externas, nem de conduta externa, pois por mais que a conduta externa seja diferente, estranha, a inferior pode continuar a mesma. Vou até exemplificar:

  • não dançar,  não fumar, não comer carne vermelha, não tomar bebida alcoólica. Tudo isto pode ser bom para a saúde do corpo físico.
  • Não faltar aos encontros religiosos, vestir roupas sóbrias , não assistir TV, não ir a festas etc. Tudo é no relacionamento externo.

Para se conseguir fazer algo nesta direção que uns chamam de luz outros de consciência, outros de salvação, tem que ser um trabalho interior constante, ininterrupto e alguns exteriores se for o caso de esforço coletivo, pois não conheço outra maneira de esforço, melhor dizendo: o esforço individual é em nossa vida comum de estudo ( trabalho, vida em família etc. ) e o esforço coletivo é quando estas pessoas que fazem um esforço interior se reúnem, com esta finalidade. O que fazer? Primeiro há uma necessidade de dúvidas que se conheça, e que se queira conhecer, para poder saber como o nosso corpo funciona, e este esforço não é de alguns dias, dura anos. Após este esforço inicia-se uma análise de todas as atitudes que se faça, tanto o que  gosta quanto o que não gosta. Em síntese, conhecer a si próprio através de uma auto observação, seguindo o Sistema que chamo "Gurdjieff"  pois nunca li nem vi ninguém que o fizesse em outro local, e para isto existe a necessidade de conhecer ou ter idéia de como a máquina humana é dividida, através do Sistema de Gurdjieff. E numa observação podemos perceber que nossa cabeça não é fixa naquilo que tem dentro dela, nem as nossas emoções, então, temos que ter como base a sensação do nosso corpo, pois ela não é volátil, depende unicamente de nós mantermos uma atenção constante sobre ela e a partir daí tudo, tanto o que acontece fora como o que acontece dentro de si mesmo. Este tipo de observação se dá simultaneamente, e quatro partes ( no mínimo ) em nós são observadas : a instintiva, a emocional, a intelectual e até a motora. Nesta observação estão incluídas nossas conversas interiores e até o que sabemos; em suma, toda a Personalidade (tudo o que aprendemos durante a vida) é observada. Este esforço costumo dividir em três partes com suas subdivisões:
  • Um trabalho diário com exercícios objetivos de conhecimento de si, que tem que ser comentado com alguém que já o tenha feito e  que tenha certa experiência. Pois existe a obrigação de fazer um depoimento do que foi feito, e isto cria um elo de grupo entre aqueles que querem acordar, muda a situação em que se encontra.

  • Exercícios coletivos de auto-observação para observar a parte motora do corpo e colocá-la em situação de desenvolvimento e autocontrole desse centro.

  • Periodicamente (mês) se isolar em grupo e intensificar ao máximo os exercícios para ter um aumento de energia em grupo. Nestes encontros se põe em prática aquilo que se diz querer. Podemos construir algo ( mutirão) e além disso trabalhos diversos manuais para se conhecer as limitações pessoais e desenvolvê-las com objetivo de se colocar interiormente. Aqui tem algo na Bíblia que é exato: "A fé sem fazer nada concreto, é morta, é um cadáver." E só sabemos aquilo que fazemos.
Há nisso uma lógica e uma razão inegável. Se o homem quer mudar , é o mesmo que querer ser outro, claro que melhor. Não melhor que outra pessoa,  mas melhor do que ele é até aquele momento. A perda de energia que o homem comum tem ( o que não se esforça para mudar, pois está satisfeito com o que é ), a pessoa para mudar ganha, contudo tem que estar insatisfeita com o que é. O que somos? Primeiro fracos e imaginamos que somos fortes, da seguinte maneira:
Qualquer coisa que acontecer  fora de nós muda nosso interior, significando que não temos uma unidade interior, somos mutáveis e frágeis. Quando não estamos imaginando coisas irreais da vida, estamos sentindo coisas que não tem nenhum valor, como raiva, ódio, ciúme, incertezas ou até alegria fútil, que tira toda a nossa força interior.
Além disso o nosso corpo fica ao abandono, com as musculaturas contraídas inutilmente, jogando fora uma quantidade enorme de energia que poderia ser transformada em consciência, em luz. Nas nossas atitudes só pensamos em nós mesmos, esquecemos que vivemos junto com os outros  e que até dependemos de outros para nossa existência equilibrada, pelo menos socialmente, e não os consideramos, pois perdidos em nossa distração achamos que só nós temos valor. Os pais por não perceberem o que acontece, confundem identificação com amor aos filhos, confundem egoísmo e  idéia de posse com o amor  aos filhos e por aí vai jogando toda a realidade da existência fora. Vai se matando durante a vida para quando chegar a morte não querer morrer. Vai criando um apego egoísta para quando chegar o momento da separação (casamento, perda do emprego, viagem obrigatória, etc.) sofrendo inutilmente se iludindo que gosta das outras pessoas, quando na verdade só tem apego e mecanicidade em tudo. Pergunto: Como alguém pode ajudar a outro se não sabe o que está fazendo? Como pode fazer alguma coisa para si próprio se não se conhece? Como pode ver se não quer abrir os olhos, ou ouvir tapando os ouvidos? A partir da aceitação de que tudo nos limita, até nós mesmos temos que nos libertar disso, e esta luta é titânica.
Há dentro de nós um EU observador e com ele uma série de fatos, entre estes fatos a Personalidade, que é mortal e sua função é apenas nos ajudar como intermediária entre o interior e o exterior através das sensações da parte instintiva. Se  pararmos para observar imparcialmente, começamos a separar o joio do trigo. Aquilo que nos serve e aquilo que é inútil, mas para isso é necessário um esforço , um trabalho sobre si. Com o passar do tempo este EU observador tem energia suficiente para ter uma vida e até um corpo de observação e de existência, um separado de todas as funções. Não para comandá-las inicialmente, mas para ter uma existência separada dentro e fora do corpo físico e suas funções ( intelectual, emocional, motora, sexual e instintiva ), quando isto acontece se forma uma unidade de todas elas que chamo de Essência e que pode existir independente dos fragmentos que há em nós. Na convivência, assim que acordamos de manhã começamos a enfrentar o mundo como ele é e não como queremos que ele seja. Dentro deste conceito fazemos parte destes acontecimentos, a saída para fazermos algo de concreto para nós é isolar-nos das forças que sugam nossa energia e nos tira a consciência de si, que nos impossibilita de ficarmos acordados. Então iniciamos sentindo o corpo, pois é a única maneira que conheço de ficarmos fixos em algum ponto. Para isto temos que senti-lo e a partir dessa sensação relaxar os pontos possíveis: rosto, abdômen, ombros, nádegas, braços , coxas e pernas (centro instintivo). Interiormente observarmos as vozes interiores, intenções, conceitos pré-formados, imaginações (centro intelectual). A partir daí as emoções que nos chegam, principalmente as negativas como raiva, ciúme desconfiança, impulsos de vingança, brincadeiras ofensivas a partir das emoções (centro emocional). Na simultaneidade da observação desses centros é possível fazer  algo, até controlar e daí ver o que pode acontecer fora de nós, pois já estaremos embasados em algo que não é falso. Ao olharmos para as pessoas e recebermos o que querem nos transmitir, desde uma simples conversa, até uma presença de alguém que nos satisfaz ou que é indiferente, ou que nos traga uma outra ação não positiva, temos a chance de analisar e até ver o que está acontecendo e escolher numa tênue linha onde nos situarmos, para continuarmos isolados da mecanicidade da vida e percebermos que se em nós mesmos os Eus não mudarem com as circunstâncias podemos ter a chance de ver outros Eus das pessoas mudando e com ele suas atitudes e sentimentos, com isto não teremos motivos de seguir o caminho do sono e do acidente. Pois será fácil de notar que tudo o que está acontecendo em nossa vida vai passar e com isto mudar os fatos, queiramos ou não, tudo vai passar, mas nós teremos a oportunidade de ficarmos sem passar, serenos, calmos, um pouco mais conscientes de si. Sacrificando o sofrimento que poderia existir dentro de nosso ser, trazidos pelos Eus que dormem e nos levam a tal. Não nos deixa dúvidas que para isto é necessário uma energia baseada inicialmente no pequeno desejo de querer algo. Então fazemos este esforço às vezes quando tudo nos favorece. Depois este pequeno desejo com a continuidade dos esforços diários pode se tornar uma vontade, e até podermos ter forças para receber toda esta energia que está a nossa disposição, em tudo o que fazemos, tanto sozinhos como com as pessoas que não se interessam muito, como também com os companheiros que se esforçam junto conosco. Até um dia sermos uma unidade com possibilidades de ir muito além e de ver e sentir coisas que nunca sentimos ou vimos, de caminhar por lugares que nem a imaginação de qualquer ser humano comum possa existir. E viver realidades estarrecedoras, avassaladoras, imensas, maravilhosas, que o ser humano tem todo o direito de viver, usar e estar juntos, unidos com a imensidão dessa criação divina ; ter a chance de poder sentir pelo menos um pouquinho dessa grande emoção de gratidão por temos essa oportunidade e até o privilégio de estarmos tendo a chance de podermos prosseguir além dos limites de nossa diminuta consciência e conhecimento que tanto usamos, sem sabermos que além disso há muito mais nos esperando.
Talvez a partir daí aprendamos a respeitar aquilo que recebemos e muitas vezes não temos a mínima idéia porque os acontecimentos se desenrolam completamente fora do nosso alcance lógico, compreensível diante da nossa vida. Dentro de todas estas limitações pessoais a existência do EU observador só depende de nossos desejos e a sua existência é independente de nossas funções, bem como a sua consciência de si. A energia que está ao nosso alcance dentro de nossas limitações pode se ampliar muito além, podemos passar a ter o direito de ver e sentir fatos muito além da nossa capacidade e nível de ser.
(15/ 05/ 99)

As Influências A, B E C




Todos começamos algo numa direção e com um objetivo. Digamos que decidimos ir para um  grupo de estudos para adquirir mais conhecimentos sobre si mesmo e que temos que por em prática a observação de si, os exercícios, reuniões, domingueiras, movimentos, leituras, etc...  Todos que começam iniciam com um tipo de sinceridade aparente. Durante as reuniões os assuntos são do trabalho, quando terminam as reuniões já se inicia o segundo processo de influência: as pessoas começam a falar sobre outras pessoas, a brincarem e logo em seguida já estão completamente  esquecidos dos objetivos da observação de si ; começam a criticar quem está falando, a quem errou os movimentos etc; tudo começa a ser mecânico, as brincadeiras entre amigos  se tornam importantes e as tarefas da vida passam a tomar conta como sempre de nossos procedimentos. Às vezes nos lembramos dos exercícios uma ou duas vezes durante uma semana e já achamos que isto é tudo; as reuniões do grupo passam a ser algo social , encontros entre amigos que já faz uma semana que não se vêem., entre abraços e beijinhos, todos alegres e felizes tomam seus lugar es e se inicia uma reunião de “Gurdjieff”. Entre as pessoas que participam de um grupo vão se formando 3 categorias de praticantes: Os Papagaios que falam muito, perguntam tudo , querem saber além do que é dado em reuniões, mas só decoram, não praticam efetivamente quase nada. Os Corujas ficam calados como se soubessem tudo, não fazem pergunta e assim também ficam fora do local de reunião. Olham, tudo e nada fazem. Os Corvos falam, dão depoimentos e saem à procura de carniça que possuem em si e na vida. São os que estão realmente no trabalho, praticam no dia a dia e nas reuniões. São os que chegam mais alimentados com as influências do Trabalho. Claro que todos recebem influências dos 3 tipos.
  • A - da vida comum, como um chamamento para o sono e a morte da consciência.
  • B - com leituras de livros esotéricos, bíblias, etc.
  • C - diretamente de uma fonte onde se tem a possibilidade de acordar que são as influências do trabalho, no nosso caso Gurdjieff.

Não há outra maneira de se perceber qual é a nossa situação interior, se no exato momento de qualquer manifestação de mecanicidade não sacrificarmos nosso orgulho, ciúme, vaidade, raiva e imediatamente obedecermos o que nos propusemos a fazer no trabalho de conhecimento de si mesmo. Digamos que ao sermos provocados por algum fato bom para se distrair , ou mal para os sentimentos ( raiva ); devemos nos lembrar de nossos objetivos  maiores da vida e pegar aquele momento como uma luta de Titãs entre Eus da vida e Eus do Trabalho. Num dos depoimentos que achei perfeito uma pessoa me disse: Um Eu conversador inicia a conversa interior contrária aos exercícios  do Trabalho, um outro Eu observador passa a observá-lo sem interferir . Este Eu conversador observado cessa a conversa interior  e o Eu observador que observa fica satisfeito com o resultado. É  aí que inicia uma verdadeira observação pois até este Eu observador do trabalho também deve ser observado igual ao outro. Todos os nossos pensamentos, imaginações, dados da vida não nos pertence. Tem que ser observado. Tudo aquilo que defendemos ou não gostamos em nós não nos pertence, é algo que pode ser mudado. O verdadeiro caminho que seguimos é o da mudança, da troca de tudo o que somos ou que temos; nada em nós deve ser guardado, devemos esperar sem parar e lutar para que cada movimento externo e interno tenha uma direção em nossas observações do trabalho. O que achamos dos outros é errado assim como o que achamos de nós mesmos.
A única maneira de chegar a ser alguém como um Guerreiro, homem de conhecimento, buscador, etc...não reside em nós; é fruto de um esforço contínuo. Já lemos em algum lugar que o homem para renascer deve antes morrer. O que será que isto significa? O morrer é não deixar nada vivo como base de algo a ser valorizado em nós. Tudo deve ser apenas observado e este que vê dentro de nós é a semente do renascer. A mudança de uma simples pessoa que vive dormindo não se baseia em leituras, nem em reuniões mas em um trabalho solitário consigo mesmo. O ver não é apenas abrir os olhos e saber como fazê-lo, é acima de tudo aceitar a ver o que não nos agrada. As influências acham uma abertura para nos dominar e dirigir nossas vidas através de nossas intenções que é fruto do nosso nível de ser. Então devemos também observar em nós a nossa real intenção e  não a aparente. Vamos dizer que uma pessoa diz ser contra a violência e que a paz é seu objetivo. Ela ao sair de casa pega a arma e coloca na cintura para ir falar com alguém sobre uma situação a ser resolvida. A intenção podemos notar mesmo que a pessoa afirme que quer somente falar. Uma outra pessoa diz que vai ao Shopping somente ver as vitrines e leva dentro da bolsa o talão de cheque e dinheiro. Nisso podemos ver que aquilo que a pessoa se propõe é apenas a máscara de sua real intenção. Uma pessoa que está no trabalho de Gurdjieff deve perceber as intenções externas das pessoas e as suas próprias para não se enganar com o Trabalho. E nada é mais ofensivo para nós do que não podermos esconder nossas reais intenções perante as pessoas se estas  intenções não são dirigidas a acordar e sim a fazer a pessoa a continuar a ser a mesma que sempre foi.
A intenção é o que nos dirige, mesmo que não façamos o que queremos no momento, mas assim que surge a oportunidade a pessoa mostra o que sempre foi: uma pessoa que não quer acordar. Em nosso caso devemos sempre e em todas as situações ter a intenção de ver, acordar e se conhecer cada vez mais. 
(27/09/2000)

quarta-feira, 29 de maio de 2013

O Quarto Caminho



Já sabemos que existem quatro linhas de evolução possíveis ao homem:
  • O primeiro do Yogue (meditação) é um trabalho sobre o Centro Intelectual, é onde o praticante abandona a vida normal e se dedica totalmente a um mestre que o ensinará a formar algo de valor dentro de si.
  • O caminho do Faquir é igual através do domínio e sofrimento do corpo.O discípulo também cria algo duradouro dentro de si e como o primeiro, para conseguir isto também tem que abandonar a vida normal.
  • O Monge, através de práticas de oração, reclusão e abstinência, também consegue adquirir uma força que também permanecerá como algo duradouro.
No caminho do yogue nada que existe na sociedade normal como carro, ônibus,dinheiro, tem importância; tudo isto é deixado de lado e o homem que procura o caminho ( salvação ) tem que deixar a sua própria vida para seguir seu mestre. Toda a sua atenção é dirigida ao Centro Intelectual e através desse esforço os outros centros não têm importância, mas ajudam como, por exemplo: para sentar e fazer um exercício mental seu corpo tem que ter saúde e estar funcionando normalmente caso contrário não, poderá exercer a meditação. Para fazer isso o yogue necessita criar e ter uma vontade para não abandonar o seu mestre,este esforço que também necessita dos 3 centros para ele conseguir seguir este caminho. 

O Faquir como se determina a trabalhar no Centro Instintivo necessita de um domínio sob o centro motor e também ter a determinação de ficar perto do seu mestre e para isso ter uma vontade. 

O Monge através de um trabalho no centro emocional necessita do Centro Intelectual para acreditar nas histórias dos santos e leituras bíblicas e outros livros e seu Centro Instintivo também necessita de saúde e equilíbrio nesses 3 centros para prosseguir o seu caminho. 

O homem que segue o 4C não tem que seguir nem abandonar nada para alcançar o seu objetivo e a todos os momentos ele pratica sem cessar , nem um instante suas práticas. Digamos que ao se levantar de manhã ele se recorda de si no mesmo momento em que abre seus olhos se recorda de que tem que sentir seu corpo. Ali se inicia sua prática, quando está escovando os dentes começa os exercícios e a observação de si e simultaneamente está percebendo seus parentes, como estão, se estão dormindo, perguntando as coisas normais da vida e etc...Nessa prática o mundo ao nosso redor faz parte de nossa prática, nada está desvinculado, tanto o que sentimos e observamos interiormente como, o que existe fora de nós. Nada está separado,nenhum movimento, nenhum assunto ou intenção, tudo  observado e trabalhado com afinco, onde tem que haver um equilíbrio entre no mínimo 3 centros , além de também se ter uma saúde para não interferir na observação. Digamos que estejamos conversando na roda de amigos sobre futebol, religião ou qualquer assunto. Se a pessoa estiver distraída e falando, tudo é mecânico, nada é aproveitável, não leva a nada. Usando apenas um centro. Podemos passar 2 horas falando economia e da bíblia se estivermos distraídos sem nos observar, estaremos dormindo.Qualquer movimento por menor que seja desde um simples bocejo até um riso devem ser observados, imparcialmente. Nós devemos estar dentro e fora de nós procurando a consciência de si, sempre em todos os momentos.Até isso que agora escrevo não devemos nos distrair e deixar ser absorvido pelo entusiasmo do assunto.  

O alerta é a base da prática, devemos sempre estar atentos com nós mesmos,para não sermos pegos pelas circunstâncias do momento. Isto é chance para a prática. O observado deve ser nós mesmos e tudo em nosso redor, Nada deve ser omitido, os movimentos, sons, vozes interiores, nossa intenção e a do outros, tudo. Nada deve escapar. Com isso adquiriremos uma consciência de si com isso a força de formar um corpo permanente em nosso ser.
(11/10/2000)

Ajuda externa de consciência


Como sabemos, existem vários estados de consciência:
  1. Coma;
  2. Sono sem sonhos,
  3. Sono com sonhos,
  4. Sono desperto ,
  5. Consciência de si ,
  6. Consciência Objetiva e
  7. Consciência Plena.
Em qualquer situação de consciência estaremos em algum lugar sem contudo mudar nosso nível de ser. digamos que um homem esteja dormindo e sonhando e seu nível de ser seja 4 (SD) como este nível não consideramos como acordado é pouca a diferença entre esses dois estados, num deles ele admite as irrealidades de sua ação e no outro o do seu sentimento e fantasias, portanto nesses dois estados que não há necessidade de esforço ele continuará dormindo. Numa outra situação outro homem já alcançou o nível de ser 5 mesmo que por alguns momentos durante o dia. Este nível de ser que ele possui pode se manifestar igualmente na situação de Sono com Sonhos então ele perceberá que está numa outra realidade com outro tipo de materialidade. Saberá que e está num mundo de sonhos como também terá consciência de suas possibilidades e limitações. Saberá por exemplo que seu corpo físico está em algum lugar dormindo ou morto , não terá certeza qual das duas mas saberá que de uma hora para a outra poderá voltar ao seu corpo físico e só então saberá que ele estava dormindo em algum lugar. O estado ou nível de ser 5 significa que a pessoa já está formando um outro corpo não material que chamamos de etérico ou Astral. Quando isso acontece o nível de compreensão também muda e a  pessoa que consegue se elevar a esta situação estará mais perto do círculo interno da humanidade, isto é, dos homens que estão acordados. 

Os esforços que fazemos durante os exercícios, segundeiras, domingueiras, saindo fora da rotina entrando em outra situação não comum em nossa vida, junto com a observação de si, com trabalhos no Centro Motor, Centro Emocional e Centro Intelectual armazenamos energia que gradativamente nos transforma ou melhor dizendo, cria algo dentro de nós, outro corpo, outro destino. Quando a pessoa se flagra dentro do mundo dos sonhos ela manterá a Consciência de si, seu nível é este e portanto a sua compreensão será a mesma. Somente seu conhecimento daquele mundo será inferior a aquele que ele conhece aqui quando está com a Consciência de Si no corpo físico. Estas experiências são fatos que devem ser comentados de pessoa a pessoa de acordo com a situação que ela se apresentar pois ao se dar conta no mundo dos sonhos, existem 3 situações bem diferentes. A primeira é um  mundo de fantasias e símbolos desconhecidos, a segunda é algum lugar que existe na terra e não está por perto de nós e a  terceira é algum lugar fora do tempo em que estamos vivendo no  momento. Um outro fato é que ao nos deparamos com uma dessas situações não sabemos em que época estamos. Por exemplo, se deitei para dormir num sábado após vir de um cinema em agosto de 1998 e de repente acordo no mundo dos sonhos, não vou saber aonde deitei da última vez na cama, nem qual foi o filme que assisti nem em que ano estou, tanto posso lembrar de 5 a dez anos atrás como  a apenas algumas semanas.. O tempo perde sua cronologia de espaço. Quero dizer com isto que eu poderia ter dormido ou morrido a 5 dias ou 5 anos atrás até mesmo 5 minutos atrás. Os valores passam a ser somente a consciência e não a cronometragem dos fatos existentes. 

Um nível ideal  é quando atuamos nestas situações, se confundindo com esta realidade que vivemos no mundo físico. (falar sobre dimensão). Ao nos deparamos com uma pessoa iniciamos qualquer tipo de conversação mecanicamente e no instante que lembrarmos de nós mesmos nos separamos do momento de sono e passamos a observar tudo inclusive a nós mesmos, é exatamente igual ao despertarmos no mundo do sonho. Com a diferença que aqui nos lembramos de ontem e sabemos do agora em parte e o amanhã esperamos e assim sucessivamente. Já no sonho ao lembrarmos de nós mesmos passamos a perceber e sentir que estamos numa situação diferente , em outro mundo, outra realidade. O acordar e sentir de mais perto nós mesmos, isto é Consciência de Si, também pode se dar através de ajuda externa (Hoasca) ou outro material qualquer. Enquanto a força estiver agindo a pessoa consegue aguçar os sentidos, sentir o corpo e perceber em volta de si, dentro desta possibilidade consegue até usar o corpo que é formado pela (Hoasca) e ter uma existência fora de nossa realidade comum, ver, ouvir e  até ir a lugares do passado e do presente fora e dentro do próprio corpo. Assim que cessa o efeito da Hoasca a pessoa é exatamente a mesma pessoa somente pode mudar algumas formas externas de comportamento e costume, seu nível de consciência continuará o mesmo que sempre foi. Se a pessoa é egoísta, medrosa, fraca. Continuará sendo a mesma pessoa, nada mudará em si se não houver uma luta, um trabalho sobre si mesmo. A mudança só se dará com o esforço e sofrimento interior de cada pessoa. As regras e atitudes externas não significam.

domingo, 3 de março de 2013

Jiu-Jitsu e Judô - Ono

O professor Kanemitsu Yaichibe ensinava Jiu-Jitsu e Judo na região de Okayama, Japão. Esse grupo não era ligado ao Kodo-kan, pois tinha sua origem na Budo-kan. Ele teve como seus alunos Yasuichi Ono e seu irmão Naoichi Ono que chegaram ao Brasil em 1928. Yasuichi Ono morreu em 1976. Eles vieram para o Brasil e entre desafios e lutas, empatou duas vezes com Hélio Gracie depois de vencer o também integrante da família Gracie, Jorge Gracie.
Ao chegarem ao Brasil tiveram entre seus alunos o professor Seizi Haniuda, que dava aula no bairro da Moca- SP, e seus alunos examinados pelos irmãos Ono. Na época atual temos dois alunos entre outros, Mito Shin-Ichi que é presidente da federação de Judô de São Paulo, e Benedito Nelson Augusto dos Santos que continua divulgado as suas técnicas no Rio de Janeiro e Porto Velho – RO na associação Hien Karate Kyokai.